domingo, 12 de abril de 2009

Polis da Ria Formosa já chegou à Culatra

O programa Polis já está no terreno. A limpeza de entulho e lixo nas ilhas-barreira da Ria Formosa é a primeira intervenção deste plano e já está a mudar a face da Ilha da Culatra. Esta obra deverá custar perto de 730 mil euros.

Na frente-de-ria Este já há máquinas a trabalhar para retirar da praia centenas de toneladas de entulho que foi sendo acumulado ao longo de décadas. Uma intervenção aparatosa, que levou um culatrense que por ali passou a gracejar que queriam «deitar a ilha para o lixo».

Como explicou a presidente da Associação de Moradores da Ilha da Culatra Sílvia Padinha, bem a sério, esta situação foi criada pelos habitantes da ilha, cujo erro admite, mas também «por culpa do Estado», que permitiu dragagens comerciais na Ria Formosa e não repôs o cordão dunar.

Sentindo as suas casas ameaçadas, os ilhéus criaram «uma barreira protectora», usando os materiais de que dispunham, ou seja, materiais de construção, barcos velhos, artes de pesca inutilizadas e monos.

Apesar do núcleo estar implantado junto à Ria formosa, na zona mais protegida da ilha, a erosão levou a que, quando o mar se agitava mais, houvesse galgamentos «na zona nascente e poente».

Este lixo foi retirado com ajuda de uma barcaça e agora será construída uma barreira com a areia que sobrou do reforço do cordão dunar na zona poente do núcleo piscatório.

Esta areia veio das dragagens feitas para a construção do Porto de Abrigo para a Pequena Pesca da Ilha da Culatra. «Da areia que foi tirada dali, que é uma coisa mínima [em comparação com a que é retirada anualmente para fins comerciais], deu para fazer isto tudo», ilustrou Sílvia Padinha.

Ainda assim, disse, o cordão dunar Nascente necessitará de mais areia para garantir a segurança do núcleo, pelo que reforçou a pretensão da associação de que parte da areia recolhida nas dragagens que foram recolhidas no Polis seja ali utilizada.

João Oliveira, coordenador do projecto de requalificação da Ilha da Culatra, garantiu, por seu lado, que as preocupações da Sociedade Polis são essencialmente ambientais, mas também muito voltadas para a segurança das populações.

Parte da areia que for recolhida deverá mesmo ser utilizada para reforçar o cordão dunar da Culatra. As dragagens em causa servirão não só para desassorear os canais de navegação, mas também para garantir «a dinâmica» de todo o ecossistema da Ria Formosa.

Este responsável não foi, no entanto, capaz de avançar com uma data para o início das dragagens. A Sociedade Polis juntou diversas entidades para estudar a retirada de areias, que estão a analisar o sistema lagunar «como o todo que é», para não criar desequilíbrios na Ria Formosa.

Mas, acrescentou, dentro de alguns meses deverão avançar «dragagens de emergência», que permitam fazer face às situações mais urgentes, no que à navegabilidade diz respeito e, ao mesmo tempo, resolver as situações de maior risco, ao nível da erosão.

Já o director executivo da Sociedade Polis Ria Formosa Jorge Barbas considerou que este «é o primeiro passo rumo à requalificação» deste núcleo. Avançou ainda que se estimava que iriam ser retiradas «800 a mil toneladas de entulho» só das imediações do núcleo da Culatra.

Fonte: Barlavento Online

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